Balanço da unidade da Rede Fhemig também mostra redução do número de atendimentos, reflexo da ampliação do serviço para outros bairros e municípios
Centro Mineiro de Toxicomania, em Belo Horizonte, realizou um total de 4.003 atendimentos em 2013 | Divulgação/Fhemig
Pelo segundo ano consecutivo, a maior parte dos atendimentos no Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), da Rede Fhemig, foi formada por usuários de álcool. Em 2013, 37,55% dos novos pacientes que procuraram tratamento eram dependentes da substância, 0,39% a menos que em 2012. O segundo grupo que mais buscou atendimento foi o de usuários de crack, com 33,38%, seguido dos usuários de cocaína, que representaram 16,17% dos novos cadastros. Em 2010 e 2011, os pacientes de crack superaram os demais.
O total de novos pacientes no ano passado foi de 767, contra 1.107 em 2012, e a média de atendimento mensal também caiu, de 349 para 333. Segundo Raquel Martins, diretora da unidade, um dos motivos para essa redução foi a abertura de novos Centros de Referência em Saúde Mental – Álcool e Drogas (Cersams- AD) em Belo Horizonte e Região Metropolitana. “A ampliação deste tipo de serviço em outros bairros e municípios resultou em um acesso mais facilitado pelos interessados, que podem buscar por atendimento em locais mais próximos de sua casa”, avalia Raquel. O número total de atendimentos, incluindo os retornos, foi de 4.003 – em 2012 foram 4.183.
Outro ponto observado em 2013 pelos profissionais da unidade foi o aumento de atendimentos a moradores de rua. Segundo a diretora, um fator que pode ter contribuído para isso é o uso do crack, que não é normalmente aceito em casa como outras drogas a exemplo do álcool e da maconha, fazendo com que o usuário busque o meio externo para fazer o consumo. Também foi percebida a pouca presença dos familiares durante o tratamento, o que de acordo com Raquel, é prejudicial ao paciente. “A participação da família é fundamental, e sem ela, a evolução do tratamento fica bem mais difícil. A presença dos parentes reforça uma mudança comportamental”, explica.
Abandono
Dados estatísticos do CMT mostram que a grande maioria dos pacientes que interrompem o tratamento, volta a procurar ajuda – apenas cerca de 30% o abandona totalmente. Para Raquel Martins, a interrupção não significa que o dependente não se importe consigo mesmo, e sim que talvez não esteja preparado para uma intervenção naquele momento. “Nós, profissionais da área, estamos prevenidos para este tipo de situação, inclusive para se o usuário retornar em piores condições”, ressalta Raquel.
Histórico
O Centro Mineiro de Toxicomania foi inaugurado em 1983, sendo o primeiro serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) especializado no atendimento a usuários de drogas, álcool e outras substâncias psicoativas no país.
Em apenas quatro anos de funcionamento, em 1987, o Centro foi reconhecido pelo Conselho Federal de Entorpecentes, atual Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), como unidade de excelência para tratamento de álcool e drogas do Estado de Minas Gerais. Além disso, desde 2002, o CMT é credenciado como Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e drogas (Caps-AD), em consonância com a Política Nacional do Ministério da Saúde.
via Agência Minas