terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Usuários de álcool foram os pacientes mais atendidos no Centro Mineiro de Toxicomania em 2013

Balanço da unidade da Rede Fhemig também mostra redução do número de atendimentos, reflexo da ampliação do serviço para outros bairros e municípios

Centro Mineiro de Toxicomania, em Belo Horizonte, realizou um total de 4.003 atendimentos em 2013 | Divulgação/Fhemig

Pelo segundo ano consecutivo, a maior parte dos atendimentos no Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), da Rede Fhemig, foi formada por usuários de álcool. Em 2013, 37,55% dos novos pacientes que procuraram tratamento eram dependentes da substância, 0,39% a menos que em 2012. O segundo grupo que mais buscou atendimento foi o de usuários de crack, com 33,38%, seguido dos usuários de cocaína, que representaram 16,17% dos novos cadastros. Em 2010 e 2011, os pacientes de crack superaram os demais.

O total de novos pacientes no ano passado foi de 767, contra 1.107 em 2012, e a média de atendimento mensal também caiu, de 349 para 333. Segundo Raquel Martins, diretora da unidade, um dos motivos para essa redução foi a abertura de novos Centros de Referência em Saúde Mental – Álcool e Drogas (Cersams- AD) em Belo Horizonte e Região Metropolitana. “A ampliação deste tipo de serviço em outros bairros e municípios resultou em um acesso mais facilitado pelos interessados, que podem buscar por atendimento em locais mais próximos de sua casa”, avalia Raquel.  O número total de atendimentos, incluindo os retornos, foi de 4.003 – em 2012 foram 4.183.

Outro ponto observado em 2013 pelos profissionais da unidade foi o aumento de atendimentos a moradores de rua. Segundo a diretora, um fator que pode ter contribuído para isso é o uso do crack, que não é normalmente aceito em casa como outras drogas a exemplo do álcool e da maconha, fazendo com que o usuário busque o meio externo para fazer o consumo. Também foi percebida a pouca presença dos familiares durante o tratamento, o que de acordo com Raquel, é prejudicial ao paciente. “A participação da família é fundamental, e sem ela, a evolução do tratamento fica bem mais difícil. A presença dos parentes reforça uma mudança comportamental”, explica.

Abandono

Dados estatísticos do CMT mostram que a grande maioria dos pacientes que interrompem o tratamento, volta a procurar ajuda – apenas cerca de 30% o abandona totalmente. Para Raquel Martins, a interrupção não significa que o dependente não se importe consigo mesmo, e sim que talvez não esteja preparado para uma intervenção naquele momento. “Nós, profissionais da área, estamos prevenidos para este tipo de situação, inclusive para se o usuário retornar em piores condições”, ressalta Raquel. 

Histórico

O Centro Mineiro de Toxicomania foi inaugurado em 1983, sendo o primeiro serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) especializado no atendimento a usuários de drogas, álcool e outras substâncias psicoativas no país.

Em apenas quatro anos de funcionamento, em 1987, o Centro foi reconhecido pelo Conselho Federal de Entorpecentes, atual Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), como unidade de excelência para tratamento de álcool e drogas do Estado de Minas Gerais. Além disso, desde 2002, o CMT é credenciado como Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e drogas (Caps-AD), em consonância com a Política Nacional do Ministério da Saúde.

via Agência Minas